Num mundo futebolístico cada vez mais corporativo é quase que impossível encontrar jogadores que vestem a camisa por amor e torcedores que acompanham seu time do coração aonde quer que ele esteja, seja na primeira ou na última divisão.
Ir até ao bairro da Mooca, mais específicamente até o estádio Conde Rodolfo Crespi, na Rua Javari, nos faz adentrar um simpático túnel do tempo rumo a esse passado. Um túnel que nos leva até a época de Pelé e aos imigrantes italianos. Um túnel que nos leva a um clube de desportos que é mais que um negócio, é um clube de amigos, como dizem as próprias camisetas dos juventinos.
Nostalgia a parte, a missão dominical do Prosa era dupla. Primeiro, provar o famoso canolli enquanto torcíamos pela classificação do Juventus. A segunda era resenhar algum bar da região da Mooca - afinal de contas, futebol, cerveja e petiscos de buteco é um ménage indispensável!
O dia já prometia quando descemos da estação Bresser-Mooca em direção à Rua Javari. Dois cidadãos, talvez contagiados pelo clima de decisão do jogo, resolveram se enfrentar num MMA fuleiro no meio do posto de gasolina ao lado do estádio, devido a uma estúpida batida de carro. Só não trouxemos imagens pois achamos que seria mais legal deixar como anedota, assim como o famoso gol do Pelé no estádio.
Após entrada tranquila no estádio, nos dirigimos para a região atrás de um dos gols, próximo da torcida organizada. O caldeirão estava "cheio" (umas 2500 pessoas num estádio onde cabem no máximo umas 4000), mas o clima é pacífico, cheio de crianças e famílias. Vale ressaltar que quase todo mundo vem com uma camiseta grená, coisa muito bacana.
Enfim, apita o árbitro e começa a peleja. No último jogo da segunda fase de grupos da chatíssima Copa Paulista, a Juventus precisava ganhar do Rio Preto para garantir ida aos mata-matas.
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Rua Javari é caldeirão. |
A pressão da torcida é intensa, valendo até ser sincera com o pobre jogador adversário, aconselhando o pobre coitado a largar a carreira futebolística e voltar a estudar.
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Salve aí tiozão! |
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O garotinho lá em cima no alambrado definitivamente não é padrão FIFA. |
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Organizada com guarda-chuvas grená, ao melhor estilo argentino. |
A festa é bacana, mas o primeiro tempo vai se arrastando de forma modorrenta, sem resposta do time da Juve em campo. Sendo assim, parte do time do Prosa resolveu ir para a fila do canolli, o tradicional doce italiano vendido no estádio. Acontece que na Javari o canolli muitas vezes é mais interessante que o jogo e, mesmo sendo jogo decisivo, a feiura do primeiro tempo fez a fila do canolli dar volta no pátio de entrada (aquele com o busto do Pelé).
Enquanto ainda estávamos na fila o segundo tempo já estava rolando. A solução era espiar a transmissão da Rede TV na lojinha de souvenirs. E nesse momento o estádio vem abaixo - a Juventus abre o placar!
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Sinalizadores que não são padrão FIFA. |
Alguns desistem do canolli, mas a fila era realmente muito grande. Tanto que alguns minutos depois, acompanhamos da fila novo grito da torcida - 2 x 0 Juventus!
Uns cinco minutos depois mais uma comemoração - 3 x 0! E nós apenas próximos do balcão do canolli!
Quando o Rio Preto descontou, finalmente colocamos nossas mãos no canolli, que é uma espécie de churros com massa folhada. Gostoso e barato (R$2,50), teria sido um bom acompanhamento para a avalanche de gols do começo do segundo tempo, caso tivéssemos saído aos 25 do primeiro tempo e não aos 40.
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Tinha canolli recheio creme também. |
Ainda deu tempo de acompanhar o quarto gol da Juve, liquidando a fatura em 4x1 e garantindo a classificação para os mata-matas (onde foi eliminada pelo Audax). Mas o que fica na história é o antológico gol anulado, que contou com chapéu e voleio. Um gol digno da mística e das tradições da Rua Javari, que você pode ver no vídeo abaixo.
Fiquem ligados! Na Parte II visitaremos o buteco da rodada!
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