domingo, 30 de março de 2014

Rua Javari e Moocaires – Empanadas e Morcillas Juventinas (Parte II)

PARTE II - Moocaires

Jogo ganho, sol, calor, sede, tal era a situação dos resenhistas após o massacre efetuado pela esquadra juventina. Sendo assim, precisávamos de um lugar para repor as energias, e a escolha da rodada foi o Moocaires.

Moocaires, conforme o nome já sugere, é uma casa argentina no meio da Mooca, oferecendo desde pratos tipicamente argentinos (como o bife ancho) na modalidade restaurante até empanadas no melhor estilo buteco. 

Como já conhecíamos as empanadas chilenas do antigo Bar do Zé (estamos devendo resenha do novo bar, apesar dos boatos de que se tornou caro e hipster em níveis insalubres), a comparação tinha que ser feita. Por isso nos aventuramos a andar 1,5km de ladeira acima pela Rua da Mooca, saindo da Rua Javari.

A casa ainda estava vazia (por volta das 12:30) quando chegamos, mas a equipe já foi prestativa ao armar uma mesa na calçada para nós. O setor interno não é tão grande, mas mesmo estando mais fresco preferimos a convidativa calçada.


A decoração é show de bola, colorida ao estilo América hispânica e com tudo que possa remeter a cultura argentina – desde camisas de futebol, mesa personalizada com figuras históricas e corredor da Mafalda em direção ao toalete.



Com o reconhecimento da cancha feito é hora da alegria e de matar a sede (estávamos no sol desde o jogo e depois andando). E é hora de levar uma leve carcada, pois os preços não são os mais baratos considerando a localização. 

A precificação é tal que faz todo o sentido pedir Original e Serra Malte (R$8,70) ao invés de Brahma (R$8,20). Eles têm Quilmes litrão, claro (cerca de R$19,00), mas o pessoal do Prosa preferiu as alternativas nacionais, direto da geladeira da Juventus. Pedimos ainda uma dose de Ginebra, um Gim argentino. Mas definitivamente cachachinhas brazucas são mais saborosas.

Felizmente para nossas retaguardas não era Naga Bhut Jolokia.

Tarde agradável, cervejinha, e a fome acabou batendo, mesmo com a forragem do canolli. Era hora de ver se as empanadas dos hermanos batiam as empanadas chilenas. Além de empanadas (R$4,90 a unidade), resolvemos ir de couvert (R$8,00) e morcilla (R$13,00).

O couvert vinha com torradas, chimichurri batido (ele virou uma pasta verde claro), e uma pasta de queijo. Já a morcilla, para os neófitos, é uma deliciosa linguiça feita de sangue. Veio em duas unidades e estava excelente.


As empanadas vinham fechadas ou semi-fechadas, dependendo do sabor. Experimentamos de anchova, carne picante, pepperoni e queijo com cebola. Na comparação com as empanadas do antigo Zé a massa do Moocaires ganha. Já no quesito recheio o consenso foi de vitória para o antigo Zé, principalmente pela originalidade dos recheios.


Estávamos liquidando a fatura e ganhando uma saideira, quando o crássico Curintia x São Paulo estava começando. E o Moocaires tinha um projetor que mostrava o jogo estilo telão numa parede interna. Não deu outra! Reabrimos a conta!


Durante as duas horas de um jogo modorrento, acabamos pedindo mais empanadas, um lanche e uma ótima porção de papas fritas, estilo chips, que lembrava mandiopan. Na prática, jantados e com a vizinhança da Mooca vibrando com o pênalti desperdiçado pelo narigudo goleiro de hóquei, nos despedimos de vez.


A combinação é boa – Juventus no campo, Moocaires na mesa.


Ambiente: 9

A casa é temática argentina e a decoração é muito bem feita, bem detalhada. Não é muito grande, mas também nem precisa.

Conveniência: 7

É difícil chegar, fica a pelo menos 2km do metrô Bresser-Mooca. Ônibus partindo do metrô não é lá boa opção. Se for andando vai ter que subir ladeira. Talvez dividir táxi no metrô seja a melhor saída. E, falando em saída, para ir embora tem que subir mais um pouco a rua e utilizar um ônibus que vai para a Sé, pois andar de noite pela Mooca não é lá muito confortável.

Música: não tem

Comidas: 8,5

No geral as empanadas ficam um pouco abaixo do Zé antigo, mas a base de comparação é alta! A morcilla é ótima, e as papas fritas também merecem um tira gosto. Não experimentamos os pratos, mas parece boa pedida antes ou depois de uma visita ao estádio.

Bebidas: 8

Meio carinho, pois as opções comerciais custam o mesmo das opções “comerciais-premium”. Mas merece um pontinho por oferecerem Quilmes e Colorado. Quem entende de vinho pode apreciar mais a carta de bebidas.

Custo/Benefício: 8

Vale a pena conhecer, colocando na rota do passeio na Rua Javari. A melhor pedida parece ser quando o jogo é de tarde – dá pra se organizar pra chegar tranquilo e apenas descer para o estádio com a barriga e cuca satisfeita.


Moocaires
Rua da Mooca, 3593
São Paulo - Capital
Terça a Quinta: 18h às 23h
Sexta: Almoço e 17hs às 00h
Sábado: 12h às 00h
Domingo: 12h às 23h

http://www.empanadasargentinas.com.br/MoocAiresBar/

sexta-feira, 21 de março de 2014

Rua Javari e Moocaires – Empanadas e Morcillas Juventinas (Parte I)



Num mundo futebolístico cada vez mais corporativo é quase que impossível encontrar jogadores que vestem a camisa por amor e torcedores que acompanham seu time do coração aonde quer que ele esteja, seja na primeira ou na última divisão.

Ir até ao bairro da Mooca, mais específicamente até o estádio Conde Rodolfo Crespi, na Rua Javari, nos faz adentrar um simpático túnel do tempo rumo a esse passado. Um túnel que nos leva até a época de Pelé e aos imigrantes italianos. Um túnel que nos leva a um clube de desportos que é mais que um negócio, é um clube de amigos, como dizem as próprias camisetas dos juventinos.

Nostalgia a parte, a missão dominical do Prosa era dupla. Primeiro, provar o famoso canolli enquanto torcíamos pela classificação do Juventus. A segunda era resenhar algum bar da região da Mooca - afinal de contas, futebol, cerveja e petiscos de buteco é um ménage indispensável!

O dia já prometia quando descemos da estação Bresser-Mooca em direção à Rua Javari. Dois cidadãos, talvez contagiados pelo clima de decisão do jogo, resolveram se enfrentar num MMA fuleiro no meio do posto de gasolina ao lado do estádio, devido a uma estúpida batida de carro. Só não trouxemos imagens pois achamos que seria mais legal deixar como anedota, assim como o famoso gol do Pelé no estádio.

Após entrada tranquila no estádio, nos dirigimos para a região atrás de um dos gols, próximo da torcida organizada. O caldeirão estava "cheio" (umas 2500 pessoas num estádio onde cabem no máximo umas 4000), mas o clima é pacífico, cheio de crianças e famílias. Vale ressaltar que quase todo mundo vem com uma camiseta grená, coisa muito bacana.

Enfim, apita o árbitro e começa a peleja. No último jogo da segunda fase de grupos da chatíssima Copa Paulista, a Juventus precisava ganhar do Rio Preto para garantir ida aos mata-matas.




Rua Javari é caldeirão.
A pressão da torcida é intensa, valendo até ser sincera com o pobre jogador adversário, aconselhando o pobre coitado a largar a carreira futebolística e voltar a estudar.

Salve aí tiozão!
O garotinho lá em cima no alambrado definitivamente não é padrão FIFA. 
Organizada com guarda-chuvas grená, ao melhor estilo argentino.

A festa é bacana, mas o primeiro tempo vai se arrastando de forma modorrenta, sem resposta do time da Juve em campo. Sendo assim, parte do time do Prosa resolveu ir para a fila do canolli, o tradicional doce italiano vendido no estádio. Acontece que na Javari o canolli muitas vezes é mais interessante que o jogo e, mesmo sendo jogo decisivo, a feiura do primeiro tempo fez a fila do canolli dar volta no pátio de entrada (aquele com o busto do Pelé).

Enquanto ainda estávamos na fila o segundo tempo já estava rolando. A solução era espiar a transmissão da Rede TV na lojinha de souvenirs. E nesse momento o estádio vem abaixo - a Juventus abre o placar!

Sinalizadores que não são padrão FIFA.

Alguns desistem do canolli, mas a fila era realmente muito grande. Tanto que alguns minutos depois, acompanhamos da fila novo grito da torcida - 2 x 0 Juventus!

Uns cinco minutos depois mais uma comemoração - 3 x 0! E nós apenas próximos do balcão do canolli!

Quando o Rio Preto descontou, finalmente colocamos nossas mãos no canolli, que é uma espécie de churros com massa folhada. Gostoso e barato (R$2,50), teria sido um bom acompanhamento para a avalanche de gols do começo do segundo tempo, caso tivéssemos saído aos 25 do primeiro tempo e não aos 40.

Tinha canolli recheio creme também.

Ainda deu tempo de acompanhar o quarto gol da Juve, liquidando a fatura em 4x1 e garantindo a classificação para os mata-matas (onde foi eliminada pelo Audax). Mas o que fica na história é o antológico gol anulado, que contou com chapéu e voleio. Um gol digno da mística e das tradições da Rua Javari, que você pode ver no vídeo abaixo.




Fiquem ligados! Na Parte II visitaremos o buteco da rodada!
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